Nascer, viver e morrer nada mais são do que ciclos de uma
mesma intenção: a de existência absoluta de tudo o que
fomos, somos e seremos, até o infinito inimaginável.
A perfeita e inevitável ciclicidade do amor, dos amores,
das experiências amorosas, dos encontros sedentos de
uma força amorosamente poderosa, a ponto de desfazer
todos os medos e libertar toda a ousadia de amar...
Impossível seria falar de ciclos, perfeição e amor sem fazer
referência aos mais inspiradores e absolutos ciclos da
natureza: as 4 facetas do tempo, dos elementos,
das temperaturas e dos temperamentos.
Primavera, verão, outono e inverno, começam e recomeçam,
sem nunca terminar, como se dançassem – vida e amor –
num deslizar constante sobre o chão do mundo,
no sutil compasso do criador, num ininterrupto desabrochar,
florescer, murchar e morrer, tão belamente,
tão magnificamente, embora quase nunca consigamos perceber...
Porque, infelizmente, nos apegamos, atribuímos pesos e
medidas ao que não nos cabe mensurar.
Porque nem notamos o espetáculo que pulsa
em cada um de nós.
Se sentíssemos... cada ciclo... e a cada um deles
nos entregássemos completa e irrestritamente,
desfrutaríamos do que pode haver de mais inebriante...
Primavera... olhar... o encantamento...
o despertar da semente, do amor em potencial...
Verão... encontrar... a paixão... o fogo que arde e fertiliza...
floresce num gozo de vida, cheio de sol...
amor feito lava de vulcão em chamas...
Outono... desfolhar... o despedaçar para encontrar-se nu,
desnudo, esvaziado de ego, de expectativas,
de ilusões baseadas em cores, formas, flores... amor maduro.
O outono é, a estação mais bela do amor...
quando o que permanece é a essência, a visão clara do que
cada um é, com todo seu tenebroso esplendor, como é o amor...
E, por fim, o inverno... a interiorização... a introspecção,
a sabedoria do desfecho, a beleza oculta da morte...
Mas não a morte do fim.
Nunca o fim! Sempre o recomeço.
Uma maravilhosa oportunidade de tornar nova todas
as sensações, todos os sonhos, todos os sentidos,
toda forma de amor...
Porque tudo é divinamente cíclico e perfeito!
um ciclo já se completa.....
Rosana Braga
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