Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas.
E você não está neste mundo para viver as minhas.
Você é você, e eu sou eu,
E, se por acaso, nós nos encontrarmos, será ótimo.
Se não, nada se pode fazer. [Pearls]

É importante este desprendimento...isso é liberdade, amor, verdade....
muito além da nossa compreensão, e das nossas possibilidades mortais...
É importante o ato de sabermos que só estamos junto de algo
ou de alguém por que de fato queremos estar...
É importante saber que somos livres para ir e vir...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Questionando


O professor e sua sede por respostas
Aquele que muito pergunta se perde na selva da filosofia. Deixe que as questões venham e passem. Olhe para a infinidade de perguntas da mesma forma que você olha as pessoas deslocando-se na rua - nada a lhes dar, nada a lhes pedir - com desapego, mantendo-se distante. Quanto mais distância houver entre você e suas questões, melhor. Pois é nesse espaço que a resposta irá surgir.

Um professor de filosofia foi até um mestre Zen, Nan-in, e perguntou a respeito de Deus, sobre o nirvana, sobre a meditação, e muitas outras coisas. O mestre escutou em silêncio – perguntas e mais perguntas – e então ele disse, “Você parece cansado. Você subiu esta elevada montanha; veio de um lugar distante. Deixe-me primeiro servir um chá para você.” E o Mestre Zen fez o chá.O professor esperou – a mente dele fervendo com questões. E enquanto o mestre fazia o chá, o samovar cantando e o aroma do chá começou a se espalhar, o mestre disse ao professor, “Espere, não seja tão apressado. Quem sabe? Talvez ao tomar o chá suas perguntas sejam respondidas, ou mesmo antes disso.”O professor ficou atordoado. Ele começou a pensar, “Toda essa viagem foi um desperdício. Esse homem parece um maluco. Como podem minhas questões sobre Deus ser respondidas pelo chá? Que importância tem tomar chá? É melhor dar o fora daqui o mais rápido possível.” Mas como ele estava se sentindo cansado, decidiu esperar e tomar uma xícara de chá antes de começar a descer a montanha de volta.O mestre trouxe a chaleira, começou a verter o chá na xícara – e continuou derramando, não parou. A xícara ficou cheia, e o chá começou a transbordar sobre o pires. Depois o pires também ficou cheio. Mais uma gota e o chá começaria a escorrer pelo chão, então o professor disse, “Pare! O que você está fazendo? Você ficou maluco? Você não pode ver que a xícara está cheia? Você não pode ver que o pires está transbordando?”E o mestre Zen respondeu, “É exatamente nessa situação que você se encontra: sua mente está tão cheia de perguntas que mesmo que eu as responda, não haverá espaço para a resposta penetrar. Mas você me parece ser um homem inteligente. Você foi capaz de perceber, que agora mesmo uma única gota de chá a mais bastará para entornar o chá no chão. Então eu lhe digo; desde que você entrou nessa casa, suas perguntas estão transbordando por todos os lados. Esse lugar pequeno está transbordando com suas perguntas! Vá embora, esvazie sua xícara, e depois venha. Primeiro crie um pouco de espaço dentro de si mesmo.”

terça-feira, 3 de maio de 2011

Saraha e a arqueira



A mente é tão astuta que pode ocultar-se sob as vestes de seu próprio oposto. A indulgência pode se tornar asceticismo, o materialismo pode se tornar espiritualista e algo desse mundo pode se tornar algo do outro mundo. mas a mente é a mente - quer você seja a favor do mundo ou contra o mundo você permanece enjaulado na mente. A favor ou contra, ambos são parte da mente. Quando a mente desaparece, ela desaparece em uma perceptividade sem escolhas. Quando você pára de escolher, quando você não é nem a favor nem contra, isso é parar no meio. Uma escolha leva à esquerda, um extremo. A outra leva à direita, que é o outro extremo. Se você não escolher, ficará exatamente no meio. Isso é relaxamento, isso é descanso. Você não faz mais escolhas, não tem obsessões, e nesse estado de consciência, sem escolhas nem obsessões, surge uma inteligência que estava adormecida no mais profundo de seu ser. Você se torna uma luz em si mesmo.


Sarasa, o fundador do tantra, era filho de um brâmane muito culto, que pertencia à corte do rei Mahapala. O rei estava disposto a dar em casamento sua própria filha para Saraha, mas ele desejava renunciar a tudo, pois queria tornar-se um sannyasin. O rei tentou persuadi-lo - Saraha era um jovem tão belo e inteligente. Mas ele foi persistente e tiveram que lhe conceder a permissão, então Saraha tornou-se discípulo de Sri Kirti. A primeira coisa que Sri Kirti lhe disse foi: "Esqueça todos os seus Vedas e tudo que você aprendeu, todas essas coisas sem sentido." Era muito difícil, mas ele estava disposto a arriscar tudo. Os anos se passaram e, aos poucos, ele apagou tudo aquilo que sabia. Tornou-se um grande meditador. Um dia, enquanto Saraha meditava, subitamente teve uma visão: havia uma mulher no mercado que iria se tornar sua verdadeira mestre. Ele foi até o mercado. Viu a mulher, uma jovem, muito vivaz, radiante e cheia de vida, cortando a haste de uma flecha, sem olhar para a esquerda nem para a direita, completamente concentrada em fazer a flecha. Ele imediatamente sentiu algo extraordinário na presença dessa moça, algo que ele nunca antes havia encontrado. Algo tão fresco e algo que vinha da própria fonte. Quando a flecha ficou pronta, a mulher fechou um dos olhos, mantendo o outro aberto, e ficou na postura de arqueiro, mirando um alvo invisível.E algo ocorreu, algo como uma comunhão. Saraha nunca havia sentido algo assim antes. Naquele momento, o significado espiritual do que ela estava fazendo tornou-se claro para ele. Não olhava nem para a esquerda nem para a direita, olhava apenas para o centro.Pela primeira vez ele entendeu o que Buda quer dizer com estar no meio: evitar o eixo. Você pode mover-se da esquerda para a direita, mas será como um pêndulo em movimento. Estar no meio significa que o pêndulo permanece ali, nem para a esquerda, nem para a direita. Então o relógio pára, o mundo pára. Não há mais tempo... então há o estado do não-tempo.Ele ouviu Sri Kirti falar sobre isso tantas vezes, havia lido a respeito, havia ponderado, contemplado o assunto. Havia até mesmo discutido com outros a respeito, dizendo que estar no meio era a coisa certa. Pela primeira vez ele viu isso em ação: a mulher não estava olhando para a direita nem para a esquerda... apenas olhando para o meio, focada no meio.O meio é o ponto a partir do qual a transcendência acontece. Pense sobre isso, contemple o assunto, veja isso em ação na vida.

Confiança

Não desperdice a sua vida com aquilo que lhe vai ser tirado. Confie na vida. Se você confiar, só então, será capaz de abandonar o seu conhecimento, só então, poderá colocar de lado a sua mente. E com a confiança, algo imenso tem início. Esta vida deixa de ser uma vida comum, torna-se plena de Deus, transbordante. Quando o coração se torna inocente e as paredes desaparecem, você fica ligado ao infinito. E você não terá sido enganado; não existirá nada que lhe possa ser tomado. Aquilo que pode ser tirado de você, não vale a pena guardar; e aquilo que não há como ser tirado de você, por que haveria alguém de ter medo que lhe seja tirado? -- não pode ser levado, não há possibilidade. Você não pode perder o seu tesouro verdadeiro.

Este é o momento de ser aquele "ioiô humano", capaz de se atirar no vazio sem a proteção do cabo elástico amarrado aos pés! E é esta postura de confiança absoluta, sem reservas nem redes de segurança escondidas, que o Cavaleiro da Água exige de nós. Uma grande euforia nos invade quando conseguimos dar o salto para o desconhecido, ainda que essa simples idéia nos apavore. E quando adquirimos confiança ao nível do salto quântico, deixamos de fazer quaisquer planos elaborados, ou preparativos. Não dizemos: "Muito bem, confio que sei o que fazer agora: vou pôr em dia meus negócios, preparar minhas malas e levá-las comigo". Não; nós simplesmente saltamos, sem pensar muito no que virá depois. O importante é o salto, e o arrepio que ele nos provoca à medida que caímos em queda livre pelo vazio do céu. A carta nos dá, entretanto, uma "deixa" a respeito do que nos espera no outro extremo -- um delicado, convidativo, um delicioso rosado... pétalas de rosa, um suculento... "Venha!"

Osho The Sun Rises in the Evening Chapter 9

Bem... tem dias que olhamos para os lados e percebemos que essa coisa de "confiar" é complicada... então... o jeito é confiar em si mesmo... e na vida...