Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas.
E você não está neste mundo para viver as minhas.
Você é você, e eu sou eu,
E, se por acaso, nós nos encontrarmos, será ótimo.
Se não, nada se pode fazer. [Pearls]

É importante este desprendimento...isso é liberdade, amor, verdade....
muito além da nossa compreensão, e das nossas possibilidades mortais...
É importante o ato de sabermos que só estamos junto de algo
ou de alguém por que de fato queremos estar...
É importante saber que somos livres para ir e vir...

domingo, 27 de junho de 2010

Os Portais do Inferno


Paraíso e inferno não são locais geográficos,
são psicológicos, são a sua psicologia.
Paraíso e inferno não estão no final de sua vida,
estão aqui e agora.
A cada momento as portas se abrem, a todo momento
você fica ondulando entre o paraíso e o inferno.
É uma questão de momento-a-momento, é urgente,
em um único momento você pode mover-se
do inferno para o paraíso, do paraíso para o inferno.


Ambos estão dentro de você.
As portões estão bem próximos um do outro:
com a mão direita você pode abrir um,
com a mão esquerda você pode abrir o outro.
Basta uma simples mudança na sua mente,
seu ser se transforma.
Do paraíso para o inferno e do inferno para o paraíso.
Sempre que você age inconscientemente, sem percepção,
está no inferno. Sempre que você está consciente,
quando você age com plena atenção, está no paraíso.


O orgulho do Samurai

O mestre Zen Hakuin é um daqueles raros florescimentos.
Um guerreiro veio vê-lo, um samurai, um grande soldado,
e ele perguntou:
“existe algum inferno, algum paraíso?
Se há um paraíso e um inferno, onde ficam os portões?
Por onde posso entrar?
Como posso evitar o inferno e escolher o paraíso?”

Ele era um simples guerreiro.
Um guerreiro sempre é simples, do contrário
não poderia ser um guerreiro.
Um guerreiro só conhece duas coisas: a vida e a morte.
Sua vida está sempre em jogo, está sempre apostando:
é um homem simples.
Não veio aprender uma doutrina.
Ele queria apenas saber onde estavam os portais para
que pudesse evitar o inferno e entrar no paraíso.
E Hakuin respondeu de um modo que
só um guerreiro podia entender.
O que fez Hakuin?
Ele disse:

“Quem é você?”

E o guerreiro respondeu:

“Sou um samurai.”

No Japão, ser um samurai é uma grande honra.
Significa ser um guerreiro perfeito, um homem que
não hesita um único momento para dar sua vida.
Para ele, vida e morte são apenas um jogo.

Ele disse:

“Sou um samurai. Sou o líder dos samurais.
Até mesmo o imperador me respeita.”

Hakuin riu e disse,

“Você, um samurai? Mais parece um mendigo.”

O orgulho do samurai foi ferido, seu ego pisoteado.
Ele se esqueceu para que tinha vindo ali, puxou da espada
e estava prestes a matar Hakuin.
Esqueceu que tinha vindo até esse mestre para perguntar
onde estava o portão do paraíso e o portão do inferno.

Hakuin riu e disse:

“Este é o portão do inferno.
Com essa espada, essa raiva, esse ego,
assim se abre o portal.”

Isso é algo que um guerreiro pode entender.
Ele imediatamente compreendeu: esse é o portal.
Ele guardou sua espada.

E Hakuin disse:

“Aí está o portal para o paraíso.”
Inferno e céu estão dentro de você, ambos os portais
estão em você.
Quando você se comporta inconscientemente,
aí está o portal do inferno.
Quando você está alerta e consciente,
aí está o portal do paraíso.
O que aconteceu a esse samurai?
Quando ele estava prestes a matar Hakuin,
estava ele consciente?
Estava consciente do que ia fazer?
Estava ele consciente do que tinha vindo fazer?
Toda consciência havia desaparecido.
Quando o ego toma o controle, você não pode permanecer
alerta.
O ego é a droga, o tóxico que lhe faz completamente
inconsciente.
Você age, mas a ação procede do inconsciente,
não da consciência.
E sempre que algum ato procede do inconsciente,
a porta do inferno é aberta.
O que quer que faça, se você não estiver cônscio do que
está fazendo, o portal do inferno se abre.
Imediatamente o samurai ficou alerta.
Subitamente, quando Hakuin disse:
“Este é o portal, você já o abriu”.
A própria situação deve ter criado atenção.
Por pouco, a cabeça de Hakuin não foi decepada.
Um simples momento mais e esta teria sido
separada do corpo.

E Hakuin disse: “Esse é o portal do inferno.”

Esta não é uma resposta filosófica.
Nenhum mestre responde de um modo filosófico.
Filosofia só existe para os medíocres,
mentes não-iluminadas.
O mestre responde, mas a resposta não é verbal, é total.
Que esse homem podia tê-lo morto não é a questão.
“Se você me matar e isso lhe tornar alerta,
então vale a pena.”
Hakuin arriscou tudo.
Isso deve ter acontecido com o guerreiro:
parado, espada empunhada, com Hakuin bem diante dele –
os olhos de Hakuin sorridentes, a face risonha,
e o portal do inferno aberto.
Ele entendeu: A espada voltou para a bainha.
Enquanto punha a espada de volta na bainha,
ele deve ter ficado totalmente silencioso, em paz.
A raiva tinha desaparecido, e energia que se movia na raiva
tornou-se silenciosa.
Se você, de repente, desperta em meio a raiva,
você irá sentir uma paz que nunca sentiu antes.
A energia movia-se e, subitamente, ela pára –
você terá silêncio, silêncio imediato.
Você irá cair no seu ser interior e, a queda será
tão repentina, você ficará consciente.
Não é uma queda lenta.
É tão repentina que você não pode permanecer inconsciente.
Você só pode ficar inconsciente nas suas tarefas rotineiras,
nas coisas graduais. Você se move tão lentamente que
não pode sentir o movimento.
Este movimento foi repentino – da atividade para
a não-atividade, do pensar para o não-pensar,
da mente para a não-mente.
Enquanto a espada retornava para a bainha,
o guerreiro compreendeu.

E Hakuin disse: “Aqui está os portais do paraíso.”

O silêncio é a porta.
Paz interior é a porta.
Não-violência é a porta.
Amor e compaixão são os portais.

Isolamento Glacial


Somos infelizes porque ficamos excessivamente
encerrados em nós mesmos.

O que quero dizer quando falo que nós ficamos
excessivamente encerrados em nós mesmos?

E o que acontece exatamente, quando ficamos
excessivamente encerrados em nós mesmos?

Ou você vive a vida, ou fica encerrado em si mesmo -
as duas coisas ao mesmo tempo, são impossíveis.
Estar em si mesmo significa estar à parte, estar separado.
Estar em si mesmo significa tornar-se uma ilha.
Estar em si mesmo significa traçar uma
linha divisória à sua volta.
Significa estabelecer uma distinção entre "isto eu sou"
e "isto eu não sou".
Essa definição, essa fronteira entre "eu" e "eu não"
circunscreve o território do "si mesmo" (self) -
o si mesmo isola.
E ele o torna congelado: você deixa de fluir.
Quando alguém está fluindo, o si mesmo não pode existir.
Com esse jeito de ser, as pessoas quase se transformaram
em cubos de gelo.
Já não têm calor nenhum, não sentem nenhum amor -
têm medo do amor, porque amor é calor.
Se o calor se aproximar, elas começarão a derreter,
e as fronteiras irão desaparecer.
As fronteiras desaparecem no amor; na alegria também,
porque a alegria não é fria.

Em nossa sociedade, principalmente os homens têm sido
ensinados a não chorar, a armar uma fachada de valentia
quando são atingidos, e a não demonstrar que estão sofrendo.
Mas as mulheres também podem cair nessa armadilha,
e todos nós poderemos sentir vez por outra, que
a única maneira de sobreviver é reprimir nossos
sentimentos e emoções, de forma a que não nos
possam ferir outra vez.
Se a dor for especialmente profunda, poderemos
até mesmo tentar escondê-la de nós mesmos.
Isso poderá nos tornar gélidos, rígidos, porque lá no fundo
sabemos que uma pequena fenda no gelo libertará a dor
para que comece a circular outra vez dentro de nós.
As lágrimas com as cores do arco-íris no rosto desta figura
encerram o segredo de como se libertar desse
"isolamento glacial".
As lágrimas, e apenas elas, têm o poder de derreter o gelo.
Chorar é bom, e não há motivos para envergonhar-se
de suas lágrimas.
O choro nos ajuda a fazer passar a dor, permite-nos
ter consideração por nós mesmos e, afinal,
ajuda-nos na cura de nós mesmos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Florescendo


O Zen quer vê-lo vivendo, vivendo em abundância,
vivendo na completude, vivendo intensamente
-
não em grau mínimo, como pretende a Cristandade,
mas no grau máximo, transbordante.
A sua vida deveria derramar-se até os outros.
A sua felicidade, a sua bem-aventurança, o seu êxtase,
não deveriam ficar confinados dentro de você,
como uma semente.
Deveriam abrir-se como a flor e espalhar sua fragrância
indiscriminadamente - não apenas para os amigos,
mas para os desconhecidos também.
Isso é compaixão verdadeira, amor verdadeiro:
compartilhar a sua iluminação,
compartilhar a sua dança do além.

A Rainha do Arco-Íris é como uma planta fantástica que
atingiu o ápice do seu florescimento e das suas cores.
É muito sensual, muito cheia de vida e
plena de possibilidades.
Estalando os dedos ela acompanha a música do amor,
e o seu colar do zodíaco está colocado de tal maneira
que Vênus repousa sobre o seu coração.
As mangas da sua vestimenta contêm sementes
em abundância, e, à medida que sopra o vento, elas são
espalhadas para criar raízes onde lhes for possível.
Não a preocupa saber se as sementes caem no solo ou
sobre as pedras - ela apenas as vai espalhando por
toda parte, em total celebração da vida e do amor.
Flores caem do alto sobre a sua cabeça, em harmonia
com o seu próprio florescimento, e as águas da emoção
serpenteiam divertidamente sob a flor em que
ela está sentada.
Você poderia sentir-se neste exato momento como um
jardim de flores, regado por bênçãos vindas de toda parte.
Dê boas-vindas às abelhas, convide os pássaros
a beber do seu néctar.
Espalhe em volta a sua alegria,
para que todos compartilhem dela.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sexo - O Círculo de Mahamudra


O sexo guarda consigo grandes segredos, e o primeiro
segredo é - se você meditar verá isso - que a felicidade
vem porque o sexo desaparece.
E sempre que você estiver naquele momento de

felicidade, o tempo também desaparece, se você
meditar sobre
isso, e a mente também desaparece.
E essas são as qualidades da meditação.
Minha própria observação é que o primeiro lampejo da
meditação no mundo deve ter vindo através do sexo,
não há outra forma possível.
A meditação deve ter entrado na vida através do sexo,
pois este é o fenômeno mais meditativo.
Se você o entender, se você for fundo nele, se você não
o usar apenas como uma droga.
Então, aos poucos, lentamente, à medida que a
compreensão cresce, o anseio desaparece, e chega
um dia de grande liberdade em que o sexo não é mais
uma obsessão.
Então você se torna silencioso, tranquilo,

absolutamente você mesmo.
A necessidade do outro desapareceu.
Ainda é possível fazer amor se quiser, mas não há mais
necessidade.
Então será uma espécie de compartilhamento.


Quando dois amantes estão em um profundo orgasmo sexual,
fundem-se um no outro.
Então a mulher não é mais a mulher, o homem não é mais
o homem.
Tornam-se algo similar ao círculo de ying/yang, alcançando
um ao outro, encontram-se dentro do outro, dissolvendo-se,
esquecendo suas próprias identidades.
É por isso que o amor é tão bonito.
Esse estado de profunda penetração orgástica é
chamado de mudra.
E o estágio final do orgasmo com o todo é chamado de
Mahamudra, o grande orgasmo.
O orgasmo é um estado no qual seu corpo não é mais
sentido como matéria.
Ele vibra como energia, eletricidade.
Vibra tão profundamente, partindo de sua própria fundação,
que você se esquece completamente que é algo material.
Torna-se um fenômeno elétrico - e é um fenômeno elétrico.
Agora os físicos dizem que não há matéria, que toda matéria
é apenas aparência e, lá no fundo, o que existe
é eletricidade, e não matéria.
No orgasmo, você atinge essa camada mais profunda de
seu corpo, na qual a matéria não mais existe, apenas ondas
de energia, e você se torna uma forma de energia
dançando, vibrando. Não haverá mais limites para você
- pulsando, mas imaterial.
E quem você ama também estará pulsando.
Aos poucos, se os parceiros se amam e se entregam um
ao outro, eles se entregam a esse momento de pulsação,
de vibração, de ser apenas energia, e não têm medo.
Porque é uma experiência similar à da morte, essa de
perder os limites do corpo, quando o corpo se torna
algo vaporoso, quando a substância do corpo se evapora e
só resta energia, um ritmo muito sutil, mas você se percebe
como se não fosse mais.
Apenas dentro de um amor profundo alguém pode entrar
nesse estado.
O amor é como a morte: você morre em relação a se pensar
como um corpo. Você morre como um corpo e evolui como
energia, energia vital.
E quando a mulher e o marido, ou os amantes, ou os
parceiros, começarem a vibrar em um certo ritmo, seus
corações e seus corpos se juntam em um mesmo ritmo,
cria-se uma harmonia e há um orgasmo.
Eles não são mais dois. Esse é o símbolo do ying e yang:
o ying se movendo dentro do yang, o yang se movendo
dentro do ying, o homem se movendo dentro da mulher,
a mulher movendo-se dentro do homem.
Agora formam um círculo e vibram juntos, pulsam juntos.
Seus corações não estão mais separados, seus batimentos
não estão mais separados: tornam-se uma melodia,
uma harmonia.
É a música mais fantástica possível.
Todas as outras músicas soam pálidas em comparação.
Orgasmo é a vibração de dois unidos em um só.
Quando a mesma coisa acontece, não com outra pessoa,
mas com toda a existência, então é Mahamudra,
então é o grande orgasmo.

quarta-feira, 2 de junho de 2010


Nós viemos do desconhecido, e avançamos para
o desconhecido. Nós ainda voltaremos.
Já estivemos por aqui milhares de vezes, e voltaremos
milhares de vezes. O nosso ser essencial é imortal,
mas nosso corpo, a nossa corporificação, é mortal.
As molduras em que nos colocamos, nossas casas, o corpo,
a mente, são feitas de coisas materiais.
Essas coisas perderão a força, ficarão velhas, elas morrerão.
A sua consciência, porém, para a qual Bodhidharma usa
a palavra "não-mente" o Buda Gautama também usou essa
palavra, "não-mente" é algo que está além do corpo e da
mente, algo que está além de tudo; essa "não-mente"
é eterna.
Ela adquire uma expressão física, e torna a mergulhar
depois no desconhecido.
Esse movimento, do desconhecido para o conhecido e
do conhecido para o desconhecido, continua por toda
a eternidade, a menos que a pessoa se torne iluminada.
Quando isso acontecer, essa será a sua última vida:
essa flor não voltará mais.
A flor que se torna consciente de si mesma não precisa
mais voltar à vida, porque a vida nada mais é do que
uma escola aonde se vem para aprender.
É alguém que aprendeu a lição e encontra-se agora acima
das ilusões.
Pela primeira vez, você não irá mais se deslocar do
conhecido para o desconhecido, mas para o incognoscível.

A maioria das cartas deste naipe da mente ou é cômica ou
é conturbada, porque a influência da mente na nossa vida
é geralmente ridícula ou opressiva.
Esta carta da Consciência, porém, apresenta uma imagem
enorme do Buda.
Ele é tão expansivo, que vai até além das estrelas, e o que
existe acima da sua cabeça é o vazio puro.
Esse Buda representa a consciência que está ao alcance
de todos os que se tornam mestres da sua própria mente,
e que são capazes de utilizá-la como o instrumento que
ela foi feita para ser.
Quando você escolhe esta carta, isso significa que agora já
há uma luz cristalina disponível, independente, enraizada
na tranqüilidade profunda que existe no âmago do seu ser.
Já não há a vontade de entender as coisas sob a
perspectiva da mente -- a compreensão que você tem
agora é existencial, inteira, em consonância com o próprio
pulsar da vida.
Aceite essa dádiva enorme, e compartilhe.