Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas.
E você não está neste mundo para viver as minhas.
Você é você, e eu sou eu,
E, se por acaso, nós nos encontrarmos, será ótimo.
Se não, nada se pode fazer. [Pearls]

É importante este desprendimento...isso é liberdade, amor, verdade....
muito além da nossa compreensão, e das nossas possibilidades mortais...
É importante o ato de sabermos que só estamos junto de algo
ou de alguém por que de fato queremos estar...
É importante saber que somos livres para ir e vir...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sobre estar sozinho

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início
deste milênio.

As relações afetivas também estão passando por
profundas transformações e revolucionando
o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os
tempos modernos, na qual exista individualidade,
respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais
uma relação de dependência, em que um responsabiliza
o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade,
que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer
neste início de século.
O amor romântico parte da premissa de que somos uma
fração e precisamos encontrar nossa outra metade para
nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização
que, historicamente, tem atingido mais a mulher.
Ela abandona suas características para se amalgamar ao
projeto masculino.
A teoria da ligação entre os opostos também vem dessa
raiz: o outro tem de saber o que eu não sei.
Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante.
Uma idéia prática de sobrevivência e pouco romântica,
por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria.
Estamos trocando o amor de necessidade
pelo amor de desejo.
Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso,
o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo
individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar
sozinhas e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas.
Elas estão começando a perceber que se sentem fração,
mas são inteiras.
O outro, com o qual se estabelece um elo, também se
sente uma fração.
Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma.
É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo e
depois tem de ir se reciclando para se adaptar
ao mundo que fabricou.

Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem
nada a ver com egoísmo.
O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da
energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor tem nova feição e significado.
Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união
de duas metades.
E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar
sua individualidade.
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho,
mais preparado estará para uma boa relação afetiva.
A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso.
Ao contrário, dá dignidade à pessoa.
As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas
com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e
ambos crescem juntos.

Relações de dominação e de concessões exageradas são
coisas do século passado.
Cada cérebro é único.
Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para
avaliar ninguém.
Muitas vezes pensamos que o outro é nossa alma gêmea e,
na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em

quando, para estabelecer um diálogo interno e
descobrir sua força pessoal.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e

a paz de espírito só podem ser encontradas
dentro dele mesmo, e não a partir do outro.
Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais
compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira
de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.
Nesse tipo de ligação, há aconchego, o prazer da companhia
e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser
perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender
a perdoar a si mesmo...


"A PIOR SOLIDÃO É AQUELA
QUE SE SENTE QUANDO ACOMPANHADO"

(Flávio Gikovate médico psicoterapeuta)

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